A invenção do fax: como nasceu, dominou o escritório e caiu no esquecimento
Da química no papel no século XIX aos aparelhos multifuncionais dos anos 2000: a história completa do fax, seus padrões (Grupo 1–4, ITU-T), o auge corporativo e a queda com a internet.

1) Origens: do telégrafo ao “fax” (1840–1910)
A ideia por trás do fax é simples e brilhante: varrer um documento ponto a ponto, transformar cada ponto em um sinal elétrico, enviar esse sinal por uma linha de comunicação e, do outro lado, reconstruir a imagem em papel. Muito antes dos computadores, inventores já buscavam “telecopiar” desenhos e letras.

- 1840–1850: experiências com “telefotos” acoplam química e eletricidade para registrar traços em papel tratado.
- 1860s: sistemas de pantelegrafo demonstram envio de assinaturas e desenhos por longas distâncias.
- Início do século XX: jornais testam fototelegramas, abrindo caminho para a transmissão de fotografias por fio.
2) Padrões e evolução técnica (1920–1990)
A virada do fax em tecnologia de massa veio com a padronização e a miniaturização. Com a telefonia fixa difundida e componentes mais baratos, os fabricantes convergiram para formatos compatíveis.
Tecnologias internas que fizeram a diferença
- Scanner linear (CIS/CCD): transformava o papel em linhas de pixels (200–300 dpi típicos).
- Compressão bi-level: reduzia drasticamente o tamanho do arquivo transmitido.
- Modems e correção de erros: padrões como Error Correction Mode (ECM) tornaram a transmissão mais robusta.
- Impressão térmica/laser: do papel térmico — prático porém sensível — às multifuncionais a laser.
3) Auge: o fax domina os escritórios (1980–2000)
Com o padrão G3 e a queda de preço, o fax virou o atalho mais rápido para enviar documentos assinados, formulários, pedidos e propostas. Números de fax apareciam em cartões de visita, carimbos e fachadas de lojas. Em muitos países, um fax tinha valor legal para acordos simples.

Por que o fax venceu naquela época?
- Imediatismo: chegava ao destino em minutos, sem correio físico.
- Rede instalada: aproveitou a telefonia fixa já existente.
- Baixa barreira técnica: discar número e enviar — simples até para pequenos comércios.
- Valor probatório: muitos setores aceitavam fax como comprovação inicial.
4) Queda: e-mail, PDF e assinaturas digitais (2000–presente)
A internet popularizada trouxe e-mail, anexos em PDF, scanners domésticos e, depois, assinaturas digitais e plataformas de e-sign. O fax perdeu relevância por ser mais lento, exigir linha telefônica, ter custos por página e qualidade inferior para imagens coloridas.
- Digitalização + nuvem: envio instantâneo para múltiplos destinatários, com busca e backup.
- Segurança e conformidade: criptografia ponta a ponta no e-mail corporativo e portais.
- Legislação: marcos legais passaram a reconhecer documentos eletrônicos e assinaturas avançadas.
- Nichos remanescentes: saúde, jurídico e órgãos públicos em alguns países ainda mantêm fax por tradição ou requisitos locais.
Resumo em uma frase: o fax foi o “atalho analógico” perfeito até a internet tornar o documento realmente digital — do envio à assinatura.
5) Linha do tempo (resumo)
- 1840–1860: protótipos de “telecópia” e pantelegrafos.
- 1900–1930: fototelegramas e serviços experimentais em imprensa e governo.
- 1960–1970: aparelhos de fax Grupo 1/2; caros e lentos.
- 1980: consolidação do Grupo 3 (G3); fax se populariza globalmente.
- 1990: multifuncionais, memória, discagem rápida e baixa de preços.
- 2000–2010: migração para e-mail, PDF e scanners; queda acelerada.
- 2010–hoje: nichos regulatórios mantêm uso; soluções “fax-to-email” e “virtual fax”.
6) Perguntas frequentes
O que é “fax virtual”?
É o serviço que converte um documento digital (PDF, imagem) em fax para linhas tradicionais, ou recebe faxes e entrega por e-mail como PDF.
Fax ainda é aceito legalmente?
Depende do país e do setor. Em muitos casos, substituído por assinaturas eletrônicas avançadas e plataformas de e-sign.
Qual a qualidade típica de um fax G3?
Em geral 200 dpi (modo padrão) ou 300 dpi (modo fino), suficiente para textos e formulários monocromáticos.
7) Fontes e leituras recomendadas
- Guias técnicos de padrões ITU-T para fax (G3/G4).
- Catálogos e manuais de fabricantes dos anos 80/90 (Panasonic, Sharp, Brother, etc.).
- Acervos históricos de telecomunicações e museus de tecnologia.
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